5 Ferramentas Essenciais Que Me Fizeram Evoluir na Dança Oriental

Por Rita Pereira

Olá! Ao longo de 6 anos enquanto aluna de Dança Oriental da Catarina Branco e do Catarina Branco Oriental Studio, tenho aprendido muito e superado imensos desafios! Pode dizer-se que, de momento, estou na transição para me tornar uma bailarina profissional e também eu vou começar a partilhar algumas experiências que tenho adquirido aqui no blog ‘Dança Oriental com Atitude’! Este meu primeiro post foca-se nas ferramentas mais fundamentais que eu utilizei para conseguir evoluir no início do meu percurso de dança e partilho-as para ajudar as minhas colegas e alunos de Dança Oriental que estão no início da sua caminhada. Espero que seja útil. Vamos lá!

  • Ir sempre às Aulas Regulares

A primeira e principal ferramenta na minha evolução é, sem sombra de dúvidas, a presença assídua nas aulas regulares. Acho que às vezes as pessoas não têm muita consciência desta questão mas ir às aulas não é apenas um direito que adquires para com a mensalidade que pagas mas também um dever enquanto aluno! No caso das aulas da Catarina, trabalhamos sempre algum ponto importante para a nossa evolução, seja ele técnica-base, técnica na coreografia que estamos a leccionar, exercícios de improvisação ou aprendemos matéria teórica e nem sempre sabemos o ponto em que a Catarina se vai focar na aula seguinte, pelo que é importante assistir a todas as aulas

Aula Nível 5 no Catarina Branco Oriental Studio.

Aula Nível 5 no Catarina Branco Oriental Studio.

É no contexto de sala de aula que mais conseguimos evoluir, porque é nele que aprendemos as nossas bases e também é nele somos acompanhados, direccionados e desafiados para conseguir fazer e ser mais e melhor, queiras tu evoluir na dança enquanto hobbie ou mesmo tornares-te bailarina profissional! 

Gostava também de referir que, na minha opinião, ir às aulas também é importante não só por uma questão de responsabilidade para connosco mas também para com mais duas entidades: o professor e os nossos colegas. Como a coreógrafa Olga Roriz refere no livro Narrativas do Corpo, referindo-se à falta de disciplina de alguns bailarinos profissionais com que se depara na sua escola: O ser indisciplinado gera uma falta de liberdade imensa. (...) Não percebem que ser livre é precisamente fazerem o que querem e não baldarem-se justamente àquilo que escolheram para as suas vidas. Aproveitem as aulas regulares, pessoal!

  • Fazer os TPCs

Se és aluna CBOS, sabes que não há muita coisa que a Catarina peça para fazeres em casa como TPC. No entanto, quando isso acontece é importante que o faças porque, tal como na escola, estes trabalhos servem para depois acompanhares melhor a próxima aula ou perceberes melhor a matéria leccionada. No meu caso, já aconteceu o TPC ser ver um vídeo de uma actuação nossa e verificar o que eu e as minhas colegas estávamos a executar mal em termos técnicos para conseguirmos melhorar na próxima e também para ver um filme para debater na aula seguinte. Os dois foram-me muito úteis: ajudaram-me a melhorar tanto em termos técnicos como a compreender um estilo específico que íamos dançar. 

Os recentes TPFs - Trabalhos para Férias - são também muito importantes para que te possas preparar para o próximo trimestre e, pelo menos no meu caso, o deste primeiro trimestre ajudou-me a consolidar conhecimentos e a aprender mais em termos musicais (e não demorou assim tanto tempo a fazer!). 

Improvisação de Rita Pereira no espectáculo ‘Natal Oriental 2020’. Este foi uma actuação de uma música apresentada numa aula, após desafio da professora Catarina Branco.

  • Cumprir os objectivos definidos em cada ano lectivo

No nosso estúdio, a Catarina dá sempre um objectivo de final de ano. Pode ser fazer uma coreografia; fazer uma improvisação; fazer um folclore, entre outros. Tendo em conta a minha experiência (no meu caso, foi a Catarina que me começou a incentivar a criar mas com o passar dos anos já fui sendo eu a, de forma muito natural, colocar-me objectivos novos de acordo com os meus gostos e necessidades), digo-vos que foram eles que me fizeram evoluir mais em todos os sentidos!!

Testar novas possibilidades de estilo (Oriental/Folclore, por exemplo), criação de dança (Coreografia/Improvisação, por exemplo) são experiências que vos enriquecem, que vos ajudam a evoluir imenso e vos dão confiança para melhorarem o vosso à vontade em palco, a vossa capacidade técnica e criativa. Considero mesmo que colocar-me novos desafios é, hoje em dia, o que me ajuda mais a evoluir enquanto bailarina por isso incentivo-te imenso a fazê-lo! Vais ver que vais evoluir muito!!

  • Aproveitar as oportunidades de actuação

Desde o início que tentei sempre aproveitar todas as oportunidades que houve para actuar e aconselho-vos muito a fazer o mesmo! Já dancei no meio da rua, na Praça do Bocage, num pátio com pessoas em volta, em parques, numa sala de um estúdio de dança, no Fórum Luísa Todi, no Auditório Camões e no Casino da Figueira. Em todos estes contextos já dancei oriental e folclore e coreografias de 3 e de 7 minutos, tal como improvisei músicas de 3 e de 7 minutos e foi onde também aproveitei para dançar a primeira vez com fatos novos (para quando chegasse ao concurso já saber como me sinto com ele, por exemplo). Todos estes locais foram importantes para mim porque em todos, tive uma experiência diferente que fez com que eu ganhasse a chamada ‘estaleca’: desde o chão (às vezes é linóleo, outras vezes é madeira, relva e outras vezes é cimento, mesmo) ao público (em alguns locais o espectador são pessoas da comunidade de Dança do Ventre; noutros são pessoas que… nem sabem bem que dança estão a ver). Ah, e também vos ajuda a ter logo bons percalços no início do percurso para quando forem profissionais já estarem habituadas, como por exemplo a saia desatar-se no início da actuação (aconteceu-me em pleno Fórum Municipal Luísa Todi), ou simplesmente escorregar no próprio chão sem saber como!! (aconteceu-me em pleno concurso do festival East Fest 2018). Estas duas coisas aconteceram enquanto eu dancei a solo, sozinha, portanto tive mesmo de perceber como lidar com a situação!

Como já perceberam, nestes anos já experimentei muitos contextos, com vários públicos e considero que isso só me acrescentou porque me deu mais confiança no meu trabalho. Por isso, dou-te este conselho: quando há oportunidade para actuar não penses duas vezes: vai! Vai por ti primeiramente, por tudo o que já te disse, mas já agora, vai também pela pela professora que te apoia sempre que precisas e vai também pelas tuas colegas! Apesar de fazermos muitos solos, a dança não é uma actividade individual - se actuamos em grupo e fazemos parte de uma escola, temos de pensar no colectivo. Ah e já agora, se a professora precisa de pessoas para solar num determinado evento, sê boa camarada e disponibiliza-te para dançar!

  • Trabalhar fora das Aulas

Trabalhar fora das aulas? Como assim?

Apesar de ir às aulas ser o passo mais importante, há aspectos da nossa dança que necessitam de trabalho extra e por isso é muito importante trabalhar em casa. Uma das situações é, claro, quando temos coreografias para actuação pública. Sendo que vamos dançar em grupo, precisamos de uma certa uniformidade em palco. Por essa razão, caso não tenhamos bem memorizadas algumas partes da coreografia, é mesmo necessário treinar em casa para que a performance corra o melhor possível. Quando dizemos à nossa professora e colegas que queremos actuar (algo que não é obrigatório), temos uma responsabilidade extra porque estamos a comprometer-nos com quem nos forma, com quem partilha connosco as aulas e, claro, com uma entidade muito importante - com o público - de que vamos apresentar um momento de dança coeso. Por isso, temos de tentar dar sempre o nosso melhor!

Outro dos pontos, que também se pode relacionar com este se formos dançar em grupo, é o trabalho da técnica. Com o passar dos anos, vamos aprendendo mais e aprimorando a nossa técnica, pelo que caso não consigamos executar um determinado movimento de forma correcta, é mesmo necessário treinar em casa. Este é um ponto que a Catarina também costuma indicar-te. A prática de uma determinada técnica numa coreografia de grupo irá fazer com que melhores esse ponto na tua dança em geral, o que se repercutirá depois na tua dança a solo (e vice-versa, é claro).

Espero que esta partilha te tenha ajudado a perceber a importância que estas ferramentas podem ter na dança de uma aluna de Danças Árabes e ajudar-te no teu percurso. O texto está mais direccionado para as alunas CBOS, mas acredito que muitas meninas de outras professoras se relacionem muito com ele. Se quiseres dar-me o teu feeback ou tiveres alguma dúvida, não hesites em dizer-me!

A Rita Pereira é aluna de Dança Oriental do Nível 5 no Catarina Branco Oriental Studio. O seu trabalho foca-se na criação e interpretação de dança em Oriental e Folclore Egípcio. Desde 2017 que tem actuado e vencido vários prémios em festivais nacionais: conhece o seu trabalho no seu Instagram e Youtube!