Como Posso Adaptar a Minha Técnica Oriental ao Folclore

A maioria das bailarinas de Dança Oriental estudam e dançam Folclore Egípcio e precisam adaptar a sua técnica de modo a respeitar as diferentes formas de dançar. Embora cada dança folclórica tenha os seus próprios movimentos e a sua forma de dançar, alguns folclores mais “terra”, como Saidi, Shaabi, Baladi e Ghawazee, partilham algumas características importantes.

Em seguimento do artigo “Como Estudar o Folclore Egípcio pode Melhorar a tua Dança”, aqui vão 6 formas como o Raks Sharki e o Folclore Egípcio diferem em termos de TÉCNICA:

A minha actuação de Shaabi no concurso do festival ‘Ahlan Wa Sahlan 2019’, no Egipto.

1. SEM ISOLAMENTO DO CORPO - Nas danças folclóricas, a bailarina está relaxada e a divertir-se sem se esforçar muito para isolar o corpo.

No estilo Oriental, as bailarinas de Dança do Ventre movem uma parte do corpo sem mover a outra, recorrendo à força do corpo para manter uma parte do corpo fixa enquanto a outra parte executa o movimento. Ao dançar folk egípcio, no entanto, as bailarinas devem deixar de lado essa habilidade e deixar o seu corpo fluir de uma forma relaxada e “terrena”. Portanto, não há necessidade de se concentrar em manter uma parte do corpo imóvel; em vez disso, o esforço deverá ser em manter a parte superior do corpo relaxada e solta, não isolando.

2. MOVIMENTOS AMPLOS - As danças folclóricas são terrenas, relaxadas e alegres, exigindo uma anca solta e ampla.

Grandes movimentos retos e circulares são essenciais numa apresentação folk. As bailarinas usam as pernas para amplificar cada movimento, fazendo com que cada movimento de anca tenha o máximo de amplitude possível com a ajuda dos joelhos. Da mesma forma, quando fazemos grandes círculos com a anca, as bailarinas de Dança Oriental transferem o seu peso para os limites/extremidades dos pés, afastando a anca do seu eixo o máximo que podem, realizando o maior círculo que são capazes de fazer. Como não há necessidade de isolamento, o resto do corpo permite que o movimento seja o maior possível, sempre de forma descontraída e alegre.

3. SEM PIROUETAS – Os giros axiais rápidos do Ballet não combinam com a energia folclórica; em vez disso, usamos a anca e as pernas para girar.

Em vez de belas e retas piruetas, as bailarinas de dança árabe giram em ambos os pés e com a força da anca e das pernas, sem isolar a parte superior do corpo ou fixar a bacia. Ao contrário do Oriental, quando queremos girar nestes estilos, mantemos o nosso peso na parte de trás do corpo, nos calcanhares (e não na parte da frente, nos dedos dos pés), fazendo pouco impulso com a parte superior do corpo. Giros impulsionados por círculos de anca são, portanto, bastante comuns na dança folclórica.

4. SALTITANTE - Podemos identificar uma performance folk principalmente pela forma como a bailarina se move em palco e executa cada movimento: sempre “saltitando”.

Quem consegue parar de “saltitar” enquanto ouve música folk? No momento em que começamos a ouvir a música, os nossos joelhos começam a fletir e a esticar de maneira dinâmica como saltitando. Começamos a sentir a música, a relaxar e a divertir-nos. Usamos não só os joelhos, mas também os calcanhares que sobem e descem à medida que nos movemos, para criar aquela sensação “saltitante” tão comum na dança folclórica. Ao trabalhar com as minhas alunas esta maneira de se mover em palco, eu chamo de “ginga” e digo para elas não pararem de “gingar”.

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5. BRAÇOS RELAXADOS - Mantemos os braços mais relaxados, numa posição mais baixa e em formato “W”.

Os braços quase totalmente retos que usamos na Dança Oriental, inspirados no Ballet, não se encaixam na energia relaxada e terrena das danças folclóricas egípcias. Em vez disso, mantemo-los mais em baixo, curvados e relaxados, com apenas um pequeno esforço para manter as nossas mãos e os nossos dedos numa bela posição (daí a forma de "W"), que às vezes colocamos junto à nossa cabeça (principalmente junto à testa) de uma forma delicada e sem esforço. As nossas costas que precisam estar sempre ativadas no estilo Raks Sharki para uma boa postura e uma boa posição de braços, aqui ficam relaxadas e em pouco esforço.

6. CALCANHARES NO CHÃO – A deslocação no espaço é feita principalmente com os calcanhares no chão, para transmitir a forma tradicional, natural e relaxante de dançar.

Enquanto na Dança do Ventre fazemos muitos movimentos em “relevé”, no folclore, a maioria dos movimentos são executados com os calcanhares no chão, ou se precisarmos de nos mover de forma rápida, apenas levantamos um pouco os calcanhares para ajudar no movimento, sem necessidade de ter um corpo reto in “relevé”. Esta posição de pés ajuda as bailarinas a realizar os movimentos amplos e soltos da anca mencionados anteriormente, como também os giros impulsionados pelos círculos da anca.

 

Existem qualidades específicas de movimento e diferentes combinações dependendo da Dança Folclórica Egípcia que estamos a atuar, mas estas são, na minha opinião, 6 maneiras pelas quais a maioria delas difere do Oriental e que ensino às minhas alunas. Espero que estas informações também possam ser úteis para ti! Se gostaste, comenta e partilha.